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21.02.2017
“O PPI significa a privatização de tudo”

Em audiência pública realizada, na Assembleia Legislativa de Sergipe, na última quinta-feira (16) para debater o projeto de privatização da DESO (Companhia de Saneamento de Sergipe), o engenheiro civil, sanitarista, e professor PhD em Saneamento da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Luiz Roberto Santos Moraes afirmou que: “O PPI significa a privatização de tudo. Nós temos que enfrentar e combater essa proposta porque ela é a radicalização do neoliberalismo em nosso país, o Estado mínimo do mínimo dentro de um capitalismo sem nenhum risco para o capitalista. No caso de Sergipe, eu deixo um recado: água é vida, saneamento é saúde, e Deso é companhia pública. Não à sua privatização”.

O plenário da ALESE ficou pequeno para os mais de mil servidores – vindos da Capital e do Interior, mobilizados pelo SINDISAN –e de sindicalistas, representantes de movimentos sociais e populares que lotaram o plenário e as galerias da Assembleia Legislativa do Estado, todos com uma só bandeira: a defesa da Deso como empresa pública. Muitos ainda ficaram na praça em frente à Alese, acompanhando a audiência que era retransmitida em um carro de som.

Uma delegação do STIUPB esteve presente à audiência reforçando o apoio e a solidariedade de classe na luta contra a privatização da DESO. Emerson Lira, representante do Movimento Luta de Classes, usou da palavra para, em nome da diretoria do STIUPB, transmitir a mensagem de apoio.

“Ao acompanhar as falas de todos nos sentimos em casa, pois a nossa DESO na Paraíba (a CAGEPA) passa pelos mesmos problemas, e isso apenas reforça a ideia que a luta contra a privatização do saneamento é uma luta nacional. Não podemos admitir que o direito à água, à vida, seja entregue a um punhado de capitalistas”, disse Emerson durante a audiência.

Sérgio Passos, presidente do SINDISAN, defendeu a união dos trabalhadores para defender o patrimônio público desse novo ataque privatista. Para ele, o momento é difícil, mas só com os trabalhadores nas ruas, lutando e dialogando com a população sobre a importância da Deso na vida dos sergipanos é que será possível reverter o cenário.

“Temos que buscar o apoio da sociedade contra a privatização da Deso. O governador, em lugar de querer privatizar a Deso e de atacar os seus trabalhadores, como gestor, porque o Estado é o acionista majoritário da Companhia, deveria estar empenhado em buscar recursos do próprio BNDES e de outros bancos públicos para investir na Deso e nos dar melhores condições de trabalho para que possamos prestar um serviço com mais qualidade à população. Entregar à iniciativa privada é um atestado de incompetência deste governo” disse Sérgio.

Assistente de Gestão Administrativa da Deso há nove anos, Wendel Barbosa criticou a postura do governador Jackson Barreto de, na imprensa, tachar a Companhia como ineficiente e atacar os trabalhadores da Companhia.

“É lastimável essa posição equivocada do governador. Os problemas da Deso não são culpa dos trabalhadores. O problema é muito mais gerencial, e ele, como o gestor maior da Companhia, tem responsabilidade sobre esses problemas muito mais do que a gente. O que fica muito claro como resultado dessa audiência pública é que vai ter luta dos trabalhadores. Não será fácil, mas nós vamos enfrentar essa situação e vamos vencer”, acredita Wendel.

O recado dado em Sergipe serve também para a nossa realidade na CAGEPA. O início dessa semana tem sido marcado pela repercussão da matéria divulgada no Jornal O Globo, nesse último fim de semana, sobre aviso de licitação divulgado pelo BNDES para contratar estudos técnicos que vão desenhar o modelo de concessão à iniciativa privada para a Companhia de Águas e Esgostos da Paraíba (CAGEPA) e a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN).

Embora o governador do Estado tenha tentado minimizar a repercussão da matéria negando a intenção de privatizar a empresa, deixamos mais uma vez o nosso recado de que qualquer tipo de concessão que vise entregar, mesmo que em parte, o serviço oferecido pela CAGEPA à iniciativa privada é privatização, e nós não aceitaremos.

A hora é de unir forças e construir uma ampla frente de luta contra a privatização da CAGEPA.

Água é vida! Vida não se privatiza!

 

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