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26.04.2018
70% dos brasileiros são contra as privatizações. Veja as intenções dos principais pré-candidatos à presidência

Sete em cada 10 brasileiros são contra as privatizações. A pesquisa Datafolha feita no fim de 2017 mostra também o que pensam os possíveis eleitores dos principais pré-candidatos sobre a venda das estatais.

O maior número de entrevistados contrários está entre os apoiadores de Lula (80%), Ciro Gomes (76%) e Marina Silva (70%). Já entre os que dizem votar em Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin, 58% e 54% são contra as privatizações, respectivamente.

A poucos meses da oficialização da candidatura, os pré-candidatos já deixam transparecer suas intenções. Veja o que cada um deles está falando sobre a venda das estatais.

Lula (PT)

 

(Danilo M Yoshioka/Futura Press)

 

Ideologicamente, o Partido dos Trabalhadores (PT) é pouco favorável às privatizações. Durante discurso feito em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, antes de ser preso pela Polícia Federal, Lula falou sobre o tema:

“Não vão vender a Petrobras. Vamos fazer uma nova Constituinte, vamos revogar a lei do petróleo que eles estão fazendo. Não vamos deixar vender o BNDES, não vamos deixar vender a Caixa Econômica, não vamos deixar destruir o Banco do Brasil”, afirmou.

Na última segunda-feira, dia 16, o PT convocou o Dia Nacional de Luta contra a Privatização do Sistema Eletrobras, afirmando que o objetivo do atual governo é “atrair compradores que só se interessam por altos lucros e não pela prestação de um serviço de qualidade à população”.

Jair Bolsonaro (PSL)

(Cassiano Rosário/Futura Press)

Historicamente a favor de medidas protecionistas e intervencionistas, o pré-candidato do PSL tem evitado criticar as privatizações, mas mostra ressalvas. “Sou pelas privatizações sim, mas o que é estratégico tem que ser preservado”, afirmou em discurso de filiação ao atual partido.

O deputado federal já disse também ser a favor da privatização da Petrobras desde que o governo mantenha uma golden share, ação com poder de veto, na companhia petroleira e observe a origem do capital de quem assumir o controle.

Já o conselheiro econômico e possível Ministro da Fazenda de Bolsonaro, o economista liberal Paulo Guedes, é mais radical. “Se privatizar tudo, você zera a dívida, tem muito recurso para saúde e educação. Ah, mas eu não quero privatizar tudo. Privatiza metade, então. Já baixa metade da dívida”, afirma.

Marina Silva (Rede)

(Edmar Barros/Futura Press)

A pré-candidata da Rede à presidência é contra a venda da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica a empresas privadas. “Não tenho uma posição contrária às privatizações, só não pode ser feita de qualquer jeito”, afirmou este mês em entrevista à Rádio Eldorado.

Marina Silva também critica a forma como a desestatização da Eletrobras tem sido conduzida e defende que antes se discuta formas de energia limpa para o país. “O governo apresentou um projeto de privatização sem antes ter um plano de geração de energia para os próximos 10, 20 anos no Brasil. Se o governo disser que vai continuar fazendo grandes barragens como Belo Monte, temos um problema”, disse.

Joaquim Barbosa (PSB)

Fellipe Sampaio/ SCO / STF

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa ainda não oficializou sua intenção de concorrer à presidência do país em outubro. Ainda assim, aparece em 3º lugar nas intenções de voto num cenário com Lula candidato e em 4 º com o petista fora da disputa.

Apesar de não estar falando sobre o tema, as posturas históricas de Joaquim Barbosa apontam para uma tendência liberal. Em assuntos como reformas e privatizações, o ex-ministro costuma se posicionar “pró-mercado”.

O líder do PSB na Câmara, Júlio Delgado (MG), afirma que pode haver privatizações, mas “não de tudo, nem de setores estratégicos”. O presidente do partido, Carlos Siqueira, concorda: “Admitimos que haja participação privada, mas é preciso que o governo mantenha o controle de áreas estratégicas, como energia e gás”.

Geraldo Alckmin (PSDB)

(Henrique Barreto/Futura Press)

O pré-candidato mais inclinado às privatizações é o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. O tucano pretende aumentar a participação da iniciativa privada no país e fazer, segundo ele, os gastos do governo caberem no orçamento. “Privatizarei o que for possível. O principal é trazer investimentos”, afirmou.

Ele cita como exemplos a TV Brasil e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL): “A TV do Lula dá traço de audiência. Para quê? A empresa (EPL) foi criada para fazer o trem-bala. Não tem trem, e a estatal está lá”.

Alckmin também já manifestou intenção de privatizar partes da Petrobras. “Muitos setores da Petrobras podem ser privatizados. Inúmeras áreas que não são o ‘core’, o centro objetivo da empresa. Se tivermos um bom marco regulatório, até pode, no futuro, privatizar tudo”, disse.

O coordenador econômico do tucano, o economista Persio Arida, confirmou que a intenção de um possível governo será avançar com as privatizações, incluindo a Eletrobras. Mas ponderou que não pretendem substituir um monopólio estatal por um privado. Por isso, a equipe tocará apenas o “factível”.

Ciro Gomes (PDT)

(Daniel Stone/Futura Press)

Quando questionado sobre as privatizações, o pré-candidato do PDT afirma que “é e não é a favor”. No caso da Eletrobras, se diz absolutamente contrário ao atual projeto de governo para desestatização.

“A churrascaria Fogo de Chão foi vendida por um fundo mútuo estrangeiro pelo valor de R$ 1,8 bilhão. Sabe por quanto essa gente está querendo vender a Eletrobras? Por 7 churrascarias Fogo de Chão”, explica em conversa com empresários catarinenses. “A matriz energética brasileira é hidráulica. Eu vou entregar ao capital estrangeiro meu regime de águas? Isso não existe em qualquer lugar do planeta Terra”, completa.

Quando o assunto é a Petrobras, Ciro Gomes aplica o mesmo exemplo. “Qual país do mundo é suficiente em petróleo e entrega o petróleo ao capital estrangeiro?”. O pré-candidato acredita que governança corporativa, meta de desempenho, fiscalização e controle seriam as saídas para retirar as estatais da corrupção, sem ter de vendê-las.

 

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